Pensamentos não se leem sozinhos. Ela nunca teve notícia das águas. Das noites em que ele, por saudades, não dormiu. Dos versos, sem fim, acabados em cinzas. Dos planos e sonhos que nunca foram ditos. Daquele sorriso ao simples lembrar. Porque quando a via, sua alma perdia-se num parque de diversões, cheio de luzes e rodopios; mas quando ela ia, restava-lhe um balanço solitário no vazio. Devia tê-la convidado para ver os desenhos efêmeros das nuvens; supunha a si mesmo que ela estivesse olhando pro céu no mesmo instante. Sabia, porém, que agora era tarde demais. Fracassou. Não soube demonstrar o que sentia. Ah, como sentia. E todos os dias que escolheu simplesmente deixar passar em branco, enjaulando o coração sob grades de espinhos, esses, esses foram perdidos. A vida é uma sentença de morte às vezes, e ele morreu sem saber se ela sabia.
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